quarta-feira, 18 de outubro de 2017

OLHAR DE SAUDADE




OLHAR DE SAUDADE

Sombras entristecem os olhos meus,
Na face notadamente desvanecida,
Marejaram ao confrontarem os teus,
E fizeram-me a existência emudecida;
Vida que podíamos ter, ei-la perdida...

Alma com o ímpeto frêmito de saudade:
Teu hálito quente, teus marcados gestos,
O amor, tudo levaste contigo sem piedade,
Deixando-me no caminho como um resto,
De forma simples e fria, por futilidade.

Duas décadas eternas foram passadas,
Nem tu mesma o enigma podes entender:
Como o alguém que tu friamente mataste
Inda assim caminhando esteja a viver?
E o olhar a dizer - que ainda me amas...!

Assim não tivesse havido tal reencontro
Por obra do acaso, mas a confrontar a vida...
Ironia, puro caso fortuito, um nada e ponto?
Não; o teu olhar demorado remexeu a ferida
Perene de triste fado - acabado e pronto!

M. Martins santos

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