"Ceci n’est pas une pipe" de René Magritte.
Mauro
Martins Santos - Moji Guaçu-SP - Brasil
Quando René Magritte apresentou seu quadro La Trahison des
Images, ou A Traição das Imagens, com sua legenda, que não por acaso subtitula
este texto - "Isto não é um Cachimbo" - o artista reviveu a discussão
sobre a representação na arte! Uma imagem não é uma realidade, é uma
reinvenção, um índice, um símbolo dessa realidade.
A Semiótica (Semiologia) trata todo o existente e o
ficcional como símbolos a serem percebidos pelo nosso sistema sensorial. A
capacidade de cognição, retenção e interpretação de cada indivíduo afeta
o equilíbrio e o desiquilíbrio do universo dos signos. São estes
últimos, sempre os mesmos - a diferenciação é que fica a cargo da especiosidade
de quem olha, ponto e grau de visada, de acordo com sua corrente preferencial e
de intensidade.
Portanto, a mim, a arte praticada pelos expressionistas tem
um posicionamento sensorial intimista e subjetivo. Aqui a arte se difere do
mundo físico realista. Assim viram Munch e os demais expressionistas. A
imagem pode ser de um realismo inconteste (caso do cachimbo) mas sua
composição, disposição e intenção, busca a subjetividade. É um cachimbo quase
fotográfico, de um hiper-realismo, mas ainda assim não é um cachimbo, é uma
pintura, arte em toda sua expressão subjetiva, como se lê na sequência deste
texto.
Abaixo iremos ver um texto que particularmente posso
inclui-lo no expressionismo literário (desde que lido até o final). Faço
reforço preliminar com o pensamento de Pablo Picasso: “Todos sabemos que a arte não é verdade. A arte é uma
mentira que nos faz compreender a verdade, pelo menos a verdade de que podemos
compreender”
E, eu pretensioso, acrescento algo um pouco diferente
ao pensamento de Picasso:
- A arte é uma ilusão, produzida por um ser
em constante construção. Assim o artista, tem a "licença poética de
iludir" docemente: pensando, dizendo e criando o belo, numa tentativa
presunçosa de eliminar com obras de traços e sons, o feio que brota em
nosso jardim.”
Sim, e, muitos dos pintores iluministas, cubistas, fovistas (do fr. fauvisme) expressionistas e surrealistas... têm obras antecedentes - à conversão às novas escolas - praticadas sob o estilo acadêmico-realista.
[M.M.S]
________________________
"O
GRITO DE VAN GOGH”*
*
"Eco" no final... (Texto)
"Há 120
anos atrás, um homem decide cortar a sua orelha esquerda, mal sabia ele que
seria aclamado por isso. Esse homem era chamado pelo nome de Vincent Van Gogh.
Ele é hoje um dos pintores mais aclamados de todos os tempos. Mas porque cortou
sua Orelha esquerda? Loucura? Insanidade? Arte? Depressão? Ainda hoje, sabemos
de pessoas que se mutilam nos pulsos, nos órgãos genitais, nos dedos, mas, que
sentido faria alguém se mutilar numa orelha? O que será que passou pela cabeça
deste gênio da arte pós-impressionista?
Se tivesse sido um ato de suicídio, certamente ele daria
outra direção à lamina. Por isso podemos concluir que talvez ele se quisesse
castigar por algo que teria feito. Apesar de hoje ser uma pessoa de renome
internacional, ele foi recriado postumamente por críticos que o refizeram das
cinzas.
Naquela altura, Vincent Van Gogh, era um ser humano fracassado nas
artes, suas obras não eram consideradas importantes, ele não tinha meio de sustento,
não tinha família ao assistir..
Ao que parece um único irmão ausente, lhe fez esmola, ao
comprar um de seus quadros.
Era como se ele vivesse sozinho no mundo. E nessa
solidão, a orelha, que ouvia desaforos, o incomodava. Então, era melhor
cortá-la.
Mais de um século depois deste ato que mitifica ainda mais o
seu universo, pense se dá ou não uma vontade de cortar nossas orelhas - e
apêndices dos titulares e dos lindeiros do poder -, de tanto ouvir as
barbaridades e pantomimas políticas, econômicas, morais sociais e culturais às
quais estamos expostos e encaixotados como vítimas.
Escondam as facas, as tesouras, os canivetes porque eu quero
cortar minhas orelhas. Minhas orelhas estão cheias de crise, de fome, de
miséria, de roubo, de corrupção, de enchentes, de impostos, do falar-se em
guerra da marginália a nos matar em qualquer lugar [banho, trabalho,
templo ou lazer]
Dá uma vontade de cortar as orelhas e sair correndo pelos
campos de girassóis de Van Gogh e soltar O Grito. Ops, embora
esse quadro tenha tudo a ver com o pintor holandês, é uma
pintura do norueguês Edvard Munch. O grito de Van Gogh não
foi retratado em tela, mas em um gesto. Cortem as orelhas." Daí soltem o GRITO isoladamente ou em coro pelas ruas, campos,
praças e logradouros, mas que seja lancinante o bastante para ser ouvido até o
lugar mais distante.
Inspirada em http://www.danielcampos.biz/
e em texto do escritor português - Pedro Ribeiro
e em texto do escritor português - Pedro Ribeiro
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