PÓ TORNA AO CHÃO, AREIA AO DESERTO
Buscaste em além-mar - já fatigado,
Pela vã procura a florir no peito teu,
Comportando tal vazio desalentado
Um algo de superior, talvez um deus...
Em cada cais, pela Terra espalhado,
Dor que se assemelha ao meu pesar,
Na esperança de veres um ser alado,
Longe da verdade - vives a esperar!
Pó torna ao chão, areia ao deserto;
Cantaste ao amor esse teu lamento,
Declamas sozinho teu poema incerto
Chegaste a navegar em mar violento.
Guia-te na rota de teu navegar
O verde crispar das ondas da ironia:
O capitão ao mar não quer retornar
Por mais não crer no que sempre fez...
Não crer no que fazes ao errar o alvo,
É ter esperança de encontrar o Amor,
Abrir teu coração a receber o Mestre
Não além-mar, mas bem dentro de si.
[M.MARTINS
SANTOS]
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