Rubem Alves escreveu em seus textos e pensamentos: “após
mastigar, ruminar e digerir o saber de Santo Agostinho, concluí simplificadamente, que possuímos duas caixas:
a de ferramentas e a de brinquedos. Nossa caixa de ferramentas, segundo ele,
seria aquela que abriga as coisas úteis, os instrumentos, tudo aquilo que é
necessário para a sobrevivência; enquanto na caixa de brinquedos encontraríamos
o empinar de uma pipa e o rodar de um peão, a leitura de um conto e uma dança
de salão: ‘inutilidades’, coisas que pertencem à ordem do amor.”
Ao ter absorvido mais esta feliz metáfora do grande Rubem
Alves do qual sou leitor de toda sua obra, passo a refletir a respeito de
nossas duas caixas. Meu filho, Me. E Professor em Administração e Comércio Exterior
e Coaching, também fã dos livros de Rubem Alves, um dia conversamos sobre essa metáfora. Ele
próprio se viu refletido na metáfora das caixas envolvido por excesso de
obrigações e acumulo de funções – que a
docência superior impõe, acumulando outras atividades de coordenação em pós
graduação etc. A função às vezes nos impõe,
mas muitas vezes nós mesmos acrescentamos tarefas funcionais ao já
sobrecarregado trabalho. Chegamos ao ponto
em que Rubem Alves nos fala que abandonamos no fundo do sótão ou porão nossa
alegre caixa de brinquedos, jogada e cheia de pós e teias de aranha.
Precisamos coordenar a vida de forma a podermos sentar e
apanhar os antigos brinquedos e mergulhar um pouco no mundo dos sonhos e
fantasias que embalaram nossa infância... Só por um pouco... Seremos outro.
CAIXA DE BRINQUEDOS
Uma caixa cheia de
brinquedos
Parece com uma de
ferramentas,
A primeira serve para
brincadeira
E a segunda repara a
casa inteira.
Se pode brincar de palavras
ajuntar,
Ferramentas são para
danos reparar,
Que os adultos chamam
de consertar,
Veja que é conserto e não concerto...
Percebeu? Já houve brincadeira...
Concerto é para
música e orquestra,
Conserto é pra arrumar
a torneira.
Palavras são como
balão de festa:
Deve pular, mas sem
nada derrubar,
Cair bem certo como
fosse sua bola,
Os brinquedos até podem
se quebrar,
Palavras não:
consertam como cola!
Passa uma, passam
duas, passam três,
Vão formando ideias,
se enfileirando.
Experimente fazer
poesia, é a sua vez,
É como o vento que o
ar vai limpando.
Se hoje não é ontem e
sim um novo dia,
Estude com seus
colegas novas palavras,
Para com elas fazerem
uma bela poesia,
É como enfileirar no chão,
bolinhas de gude;
Ou palavras como um
carreirinho de formigas
De belas e novas palavras:
essa é a virtude![Mauro Martins Santos]
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