À ESPERA DE UMA QUIMERA
O vento veloz resfria o teu rosto
E as nuvens em voo no mais alto céu;
Sabem de teu enorme desgosto...
Como tempestade que rasga seu véu!
Nuvens que percorrem o triste espaço
Imensas, escuras, sombras estranhas:
São emoções que tolhem o teu passo:
Castelos, sálvias e rosas-das-montanhas...
Disse ao ir-se: “breve torno ao abrigo;
Na velha mansão te irei reencontrar,
Frente aos muros de tempos antigos...”
Hoje mortalha, a nosso amor enterrar.
O velho relógio na parede, os ponteiros,
Para a vida que finda, parecem correr;
Tiquetaqueando consumindo-te inteira
Sem dó nem amor, ao te verem morrer...
Vida bruta e fugaz - esta que nos enamora
Cruel, qual fosse o rigor de brutal inverno,
Seu oscilar tão breve, qual fosse uma hora,
O ardor do amor tu o quisera sempiterno.
Tu ainda estás sentada aí na velha escada,
À espera de quem foi à sangrenta batalha
A quimera de ti arrancada a fez alucinada.
Assim te chamam: “A louca da velha escada”,
Tu falas sozinha como ali estivesse teu amor;
Fogem frente teu rosto que revela imensa dor!
Mauro Martins Santos
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