DESPEDIDAS
Mudam-se apenas os timoneiros das partidas:
Vão-se os mortos, ficamos um pouco também;
Morrem os bosques de araucárias: despedidas
amargas. Esta sempre será como fosse alguém.
DEVASTAÇÃO
Todos nós anoitecemos enrijecidos,
Nesse luar de gigantescas ausências;
Como tivera a boca da noite engolido
Os cálices batismais das querências...
Rareiam-se mais e mais as araucárias
Serenas, majestosas, nativas da terra;
Na orla do bosque as hostes de guerra,
Sinistras pra matar a rainha das serras!
-M.M.S - Verão de 2016-
ARAUCÁRIA
Araucária:
Nasci forte
Nasci forte
Solitária.
Ascendo em linha reta
Uma coluna verde-escura
No verde cambiante da campina
Estendo braços hirtos e serenos.
Não há na minha fronde
Nem veludos quentes de folhas
Nem risos vermelhos de flores,
Nem vinhos estonteantes de perfumes.
Só há o odor agreste da resina
E o sabor primitivo dos frutos.
Espalmo a taça verde no infinito.
Embalo o sono dos ninhos
Ocultos em meus espinhos,
Na silente nudez do meu isolamento...!
Helena Klody - Curitiba, 1941
Ascendo em linha reta
Uma coluna verde-escura
No verde cambiante da campina
Estendo braços hirtos e serenos.
Não há na minha fronde
Nem veludos quentes de folhas
Nem risos vermelhos de flores,
Nem vinhos estonteantes de perfumes.
Só há o odor agreste da resina
E o sabor primitivo dos frutos.
Espalmo a taça verde no infinito.
Embalo o sono dos ninhos
Ocultos em meus espinhos,
Na silente nudez do meu isolamento...!
Helena Klody - Curitiba, 1941
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