M Martins Santos
De todas as mensagens observadas às margens desta longa
estrada chamada vida - a que mais ficou gravada em minha mente foi aquela que
advertia: “Temos que ser simples”. Essa “simples” frase contém toneladas de
advertência e educação. Temos que ser simples, e simples no falar e escrever.
Mas há momentos que precisam de mais palavras para algo ser descrito ou
expressado.
Partindo da simples advertência: CUIDADO! Se o alerta não for
eminente para chamar ou acurar a atenção de alguém contra algo ruim adiante, ou
a seguir, vai carecer de outra, ou outras palavras, que completem a interjeição cuidado:
Cuidado! Cão feroz. Cuidado! Queda de barreira.
Desta forma, quando formos expressar nossas ideias, pensamentos e mesmo o sentimento maior, o amor, o que foi observado até agora tem seu valor.
Na minha juventude havia um modo de falar, tanto entre os rapazes quanto às moças, que tal coisa ou modo de falar era: “muito meloso, ou melado”. Isso acontecia mais partindo das moças em relação aos rapazes (que eram os que tomavam a iniciativa).
Quando o moço ao iniciar o namoro começava a declarar-se repetidamente, de modo enfadonho, no ouvido da garota: “eu te amo mais que minha vida”, “você é a menina mais linda que já vi”... Eu te amo... Eu te amo... E, com apenas um mês de pretenso namoro. Se fosse hoje ela diria: “um meloso assim... Ninguém merece!” Sem um assunto cativante, interessante, só com o excesso repetitivo, afugenta a pretendente.
Há também, pessoas que não são más, são até intelectuais, inteligentes, mas não dosam o limite e a extensão da somatória das palavras. O mais é menos na maioria das vezes.
Um velho presbítero, santo homem, educadíssimo, de inteligência brilhante mesmo aos 80 e poucos anos, Seo Natanael da Costa. Que prazer receber a sua visita e ouvi-lo ler e comentar os versículos... Parecia voz vinda dos céus! Mas, ao fechar a bíblia, quem podia saia. Por quê? Porque a oração de Seo Natanael era quilométrica, não acabava mais. Pedia pela família, nome por nome, pela cidade, pelos amigos nomeando-os, pela igreja, pelo seu crescimento numérico e espiritual, pelas crianças, pelos velhos, pela pátria, governo... etc. e etc. Isso é mau!? Acho que não, claro! Mas temos que ter parâmetros. Escolhermos palavras que sintetizem um todo.
O Mestre Nazareno, em apenas três anos de ministério [ dá-se a impressão de toda Sua vida] deixou o legado que já perfaz mais de dois mil anos.
São João em seu Evangelho diz: Há, porém, muitas outras coisas que Jesus fez. Se todas elas fossem relatadas uma por uma, creio eu que nem no mundo inteiro caberiam os livros que seriam escritos. João 21: 25.
No entanto, o Mestre sem pegar em pena, sua fala era poesia, metáforas e parábolas. Qual de nós ou os famosos e admirados e consagrados escritores, sem escrever com pena, atravessaria milênios com atualidade? “Eu vos falarei em parábolas, porque se vos falar na língua dos anjos (falar difícil, complicado) vós não entenderíeis.”
A parábola tem o poder da síntese de toda uma história, de um fato, de um sermão. É pedagógica, usa-se o que se tem em mãos: a ovelha,o porco, o poço, a figueira, os dinares, o candeeiro, o oásis e o deserto... É atalho para chegar ao destino a que se propõe.
Discussões e divergências, sobre o Universo, por exemplo, que por sinal está em ainda expansão; se fazendo. Brigas e disputas nos templos, falsos profetas mercenários do vil metal, que pelo muito falar pensam ser ouvidos. As guerras entre irmãos. Tudo sobre a superfície do menos que insignificante pontinho em uma galáxia anã. O que representa tudo isso no tempo do velho relógio pindurado na parede do sótão, frente a Eternidade?
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