PÁSSARO JOÃO- DE-
BARRO
INTRODUÇÃO
NOME COMUM:
João de Barro
OUTRO NOME:
forneiro
NOME EM
INGLÊS: Ovenbird
NOME EM
ESPANHOL: Rufous Hornero
NOME
CIENTÍFICO: Furnarius rufus
CLASSE:
Aves
ORDEM:
Passariformes
FAMÍLIA:
Furnaridae
NINHO
(casa): Medindo 30 cm de diâmetro na base.
Feito de barro, palha e estrume
bovino amassados.
Paredes com espessura que variam de 3 a 5 cm.
FICHA DO PÁSSARO:
Tamanho:
19
centímetros.
Peso
49 gramas.
Tempo de
vida:
3 anos, em
média.
Alimentação:
cupins e
outros insetos, aranhas e, sementes.
Onde vive:
no Leste e
Sul do Brasil.
DISTRIBUIÇÃO DA ESPÉCIE NO BRASIL:
O joão-de-barro (Furnarius rufus) encontra-se desde Minas
Gerais e Mato Grosso, Estados do Sul do Brasil,
até a Argentina, onde é conhecido como Hornero.
Uma outra
espécie habita o norte do Brasil e é conhecida como maria-de-barro, oleiro e
amassa-barro.
É, porém conhecido na maioria do território brasileiro
como
João-de-barro.
É admirável a habilidade com que esta ave constrói a sua casa nos postes, nas traves das porteiras ou nos galhos de árvores desnudas. O ninho consiste em uma bola de barro, dividida em dois compartimentos. A porta, que permite ao pássaro entrar sem se abaixar, impede que o vento atinja o interior, pois é sempre voltada para o norte. Macho e fêmea ocupam-se ativamente da construção, transportando bolas de barro que são amassadas com os bicos e com os pés. No compartimento maior, forrado com musgo, pelos e penas, a fêmea deposita de 3 a 4 ovos brancos, três vezes ao ano.
O joão-de-barro é pouco menor que um sabiá, porém mais delgado. Sua cor é cor de terra, com a garganta branca e a cauda tende ao vermelho queimado. É uma ave alegre que não teme conviver com o homem.
Vivem em casais e passam os dias a gritar em curiosos duetos. É tido como passarinho trabalhador e inteligente. Seu canto parece uma gargalhada.
Na Região Sul do Brasil dizem que, quando ele canta, é sinal de bom tempo; que é amigo de todos, e dizem também os sulistas que o João-de-barro é um valente lutador para salvar seu ninho, sua casa em forma de forno caipira, campeiro ou rural.
João-de-barro e "esposa" a "joaninha-de-barro" prontos para constituir família
É um excelente arquiteto e um exemplo de vida doméstica e
fidelidade conjugal.
Instintivamente bem cedo, aprende a identificar a direção
do vento e da chuva ao longo de sua vida.
Na época de reprodução, constrói o ninho na direção
contrária ao vento para que a fêmea e os filhotes fiquem protegidos das rajadas
de chuva e das ventanias. O pássaro leva de 3 a 5 dias para fazer sua casa,
usando barro úmido, palha e esterco seco. Ele chega a realizar de 500 a 2000
viagens para carregar o material necessário. Sua casa fica parecida com um
forno caipira, ou seja rural, tem dois
cômodos: a câmara incubadora e a antecâmara. Se repararmos, uma casinha de
João-de-barro tem uma parede que se inicia na porta de entrada, em curva e não
fecha totalmente até a parede dos fundos, em uma meia espiral deixa uma porta, do piso até a
abóboda superior, criando como um “quarto de casal” para sua fêmea botar os
ovos e criar os filhotes protegida das adversidades naturais e de predadores.
Não utiliza o mesmo ninho por duas estações seguidas, ou seja utilizam-na por cerca de um ano, construindo outra, para a nova postura de ovos de sua companheira. Creio que [observando minha arte-bonsai] pelo fato de que os galhos que encostam e cercam o ninho, engrossam, e, naturalmente deformam ou destroem partes das paredes da casinha.
O pássaro realiza um rodízio entre dois a três ninhos, julgo que pelo citado fato. Quando não há mais espaço para a construção de novos, o pássaro o constrói acima ou ao lado do antigo. Por isso é que vemos os “sobrados” de dois, três ou mais “andares”, ou uma “colônia” de casinhas. Como aquelas dos antigos colonos, geminadas, ou ao lado da outra. Também por falta de espaço e árvores, consequência do desmatamento acelerado pela ganância e inconsequência humana, nosso amigo joão-de-barro e seus semelhantes se sujeitam a usar postes urbanos, beirais de edifícios, mourões de cerca e outros locais.
Na cultura popular, é tido como passarinho trabalhador e
inteligente. Seu canto parece uma gargalhada. No Rio Grande do Sul é pássaro bem comum e dizem que quando canta é
sinal de bom tempo. E afirmam: é amigo de todos, corajoso, nada tímido. De fato não teme construir sua casa próxima da
vivenda dos homens [até pelo fato do desmatamento acima citado]. Aproxima-se com confiança das pessoas, corre, pula e canta.
Manifesta um tipo de “alegria”, como se soubesse ser bem-vindo. E sem dúvida,
em regra é visto com grande simpatia por todos. É um pássaro muito querido, por
seu estilo de vida. Figura no folclore de muitos Estados brasileiros.
CURIOSIDADES:
- Ave símbolo da Argentina, onde é chamado de “hornero” (Ave de la Patria – desde 1928).
- A porta de entrada de sua casa é estrategicamente posicionada na direção contrária à chuva e ao vento; um dom natural.
- Canta sempre em dueto (macho e fêmea juntos, cada qual de um modo um pouco diferente) nos arredores do ninho em postura altiva e tremulando as asas, com um canto extremamente estridente. Cantam ao terminar a tarefa de construção de sua casa.
- Não utiliza o mesmo ninho por duas estações seguidas, parecendo realizar um rodízio entre dois a três ninhos, reparando ninhos velhos semidestruídos. Quando não há mais espaço para a construção de novos ninhos, o pássaro o constrói em cima (até 11) ou ao lado do velho.
Uma das
Lendas do João de Barro
Os índios
contam - na lenda - que foi assim que nasceu o pássaro joão-de-barro:
Há muito
tempo, numa tribo do sul do Brasil, um jovem se apaixonou por uma moça de
grande beleza. Jaebé, um jovem indígena, foi pedi-la em casamento.
O pai
dela então perguntou:
- Que
provas podes dar de sua força para pretender a mão da moça mais formosa da
tribo?
- As
provas do meu amor! - respondeu o jovem Jaebé.
O velho
gostou da resposta, mas achou o jovem atrevido, então disse:
- O
último pretendente de minha filha falou que ficaria cinco dias em jejum e
morreu no quarto dia.
- Pois eu
digo que ficarei nove dias em jejum e não morrerei.
Todos na
tribo ficaram admirados com a coragem do jovem apaixonado.
O velho índio guerreiro ordenou que
se iniciasse a prova.
Então enrolaram o rapaz num pesado couro de anta e
ficaram dia e noite vigiando para que ele não saísse nem fosse alimentado.
A jovem
apaixonada chorava e implorava à deusa Lua que o mantivesse vivo.
O tempo foi
passando e certa manhã, a filha pediu ao pai:
- Já se
passaram cinco dias. Não o deixe morrer...!
E o velho
respondeu:
- Ele é
arrogante, falou nas forças do amor. Vamos então ver o que acontece.
Esperou até a última hora do novo dia, então ordenou:
- Vamos
ver o que resta do arrogante Jaebé.
Quando
abriram o couro da anta, Jaebé saltou ligeiro.
Seus olhos brilharam, seu
sorriso tinha uma luz mágica.
Sua pele estava limpa e tinha cheiro de perfume
de amêndoas.
Todos se admiraram e ficaram mais admirados ainda quando o jovem,
ao ver sua amada, se pôs a cantar como um pássaro
enquanto seu corpo, aos poucos,
se transformava num corpo de ave!
Então naquele exato momento, os raios do luar tocaram a jovem apaixonada, que
também se viu transformada em um pássaro.
E, então, ela saiu voando atrás de
Jaebé, que a chamava para a floresta
onde desapareceram para sempre.
Podemos
constatar a prova do grande amor que uniu esses dois jovens, no cuidado com que
o joão-de-barro constrói sua casa par e passo com sua companheira, e protege os filhotes, dividindo "tarefas domésticas".
Os homens e jovens índios passaram a admirar o pássaro joão-de-barro porque se lembram da força de Jaebé, uma força
que nasceu do amor e
foi tão grande maior que a própria morte.
E foi
assim que nasceu esta Bela Lenda do João-de-barro...
A fêmea do
joão-de-barro pode ajudar na construção do ninho. O casal é exemplo de
parceria, fidelidade e de companheirismo. Inseparáveis por toda a vida, os dois revezam-se no trabalho de
incubação dos ovos e alimentação dos filhotes.
Poderiam ser
símbolos da vida doméstica e é por isso que os brasileiros gostam de vê-los e
ouvi-los pela vizinhança.
Quando o
joão-de-barro assume compromisso é para todo o sempre.
Eles vivem em casais que
nunca se separam.
Quando morre o companheiro, passam o resto da vida sozinhos, cientificamente provado.
Existe uma lenda e muitos acreditam ser realmente verdade, que se a fêmea trair o macho ela mesma docilmente se deixa emparedar pelo companheiro, dentro da casinha, e lá morre por inanição.
Existe um vídeo - neste mesmo blog A Vingança do João-de-barro - que postei sobre isso, onde em uma casinha fechada encontra-se, um pássaro ressequido em seu interior. Existe também uma moda de viola (música sertaneja) no YouTube, cantada pelos famosos e saudosos irmãos Tonico e Tinoco que versa sobre essa história.
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