domingo, 18 de junho de 2017

PAGAMOS UM PREÇO ALTO PELA VIDA





PAGAMOS UM PREÇO ALTO PELA VIDA

Mauro Martins Santos*

Quando você vem para dormir após uma noite inteira de trabalho, outros seguem o fado de acordar para o trabalho.  É a sua vez de dormir, não está "de folga", está apenas aguardando para voltar a trabalhar, trabalhar para pagar impostos diretos de seu soldo e sobre todas as coisas a que basta abrir a porta...

As ruas das cidades foram todas “loteadas” por demarcações de estacionamentos feitos pelas prefeituras. Radares praticamente a cada dois postes. Guardas municipais multando aleatoriamente. As meninas tem autorização de anotarem as placas e entregarem aos guardas municipais multa certa e formulada, mesmo o motorista tendo chegado na hora. 

Você pede aos céus para que não seja assaltado por menores de 17 anos e  mês para fazerem 18 anos, armados com revólveres nos sinais vermelhos ou redutores de velocidade. 

Entre tais "menores de idade" existem aqueles que não foram registrados, ou se registrados, o foram aleatoriamente e erradamente; que saem ilesos, primeiro que você mesmo, da delegacia de polícia, por serem menores de idade - e nem eles mesmos sabem quantos anos tem de fato - mas alegam ser menores... e o sendo, coitados daqueles policiais que lhes põem algemas, ou os conduzirem na "gaiola" do carro-de-presos. 
O pior que pelo seus tamanhos e força, o policial que tem que decidir em segundos e ter o dom profético para saber quem os está recendo a tiros são menores o não, à noite, com barro e lixo espalhados dificultando a ação, com armamento menos potentes do Estado, contra armamentos contrabandeados de última geração e caixas de munição roubadas, e a polícia sem saber em quantos os delinquentes são e onde estão. 

Os policiais sabem que estão em dois ou quatro na guarnição, em locais de abandono e escuro às vezes com chuva, estando em absoluto cumprimento do dever legal e os marginais não tem lei a cumprir e nada a perder. E mesmo assim, ou por ser assim, mais rápidos que um cometa, estarão representantes dos direitos humanos, do Estatuto da Criança e do Adolescente e o jornalismo policial que sobrevive do quanto pior melhor. Ainda os meios de comunicação das comunidades, tocados por militantes de ONGs e traficantes, prontos para pedir indiciamento dos policiais que apreenderam os "menores de idade". Não importa aos delinquentes que tenham cidadãos ou policiais mortos ou feridos, na resistência ao roubo, ou à prisão. 

Saem rapidinho da delegacia com seus protetores e defensores, e os delinquentes prometendo lhe matar por você ser culpado deles terem ido até a delegacia. 

Saindo de lá você já pede proteção aos anjos, com os vidros do carro fechados. Mas o que você pode fazer contra armas de fogo? Algumas pessoas sangrando na delegacia por terem tido menor sorte que você.

Mas por pouco tempo você vai tentar dormir em sua casa que pensa ser sua, mas durante a vida pagará impostos por ocupar o solo do município - durante esse tempo pagará ao poder público mais do que pagou por sua casinha financiada. Depois vêm água e luz superfaturadas. Taxa de esgoto, de guia, de asfalto, de calçada. Sem falar em todos os impostos outros, desde uma latinha de massa de tomates até seu plano de saúde para viver mais um pouco - se os assaltos e invasão por bandidos à sua casa permitirem essa graça e benção, que é continuar vivo, nos dias atuais.

Sobre seu carro, aquele que envelheceu contigo, pagará todos os impostos que os órgãos estaduais e federais de trânsito acham por bem fixar, todas as multas de radares escondidos, sem a placa obrigatória de aviso de radar a maioria das vezes, ou placas de diminuição abrupta de velocidade nas curvas ou cobertas por mato.

Um automóvel "é uma galinha dos ovos de ouro", [imagine-se uma frota] desde a retirada da agência - onde você paga os impostos sobre o carro e os embutidos da agência revendedora. Pagará ao governo, imposto sobre a chapa da carroceria, sobre a tinta, sobre vidros do faróis e em geral,fiação, bancos, sobre os pneus, enfim sobre cada peça de fábricas diferentes [por isso a fábrica leva o nome de montadora]. 

Também frente à galinha dos ovos de ouro, desativaram tudo o que eram ferrovias de passageiros, que serviam de modo barato aos menos favorecidos por poderem ser composição mista (carga e passageiros) e com isso enricava menos os políticos, pela durabilidade de uma ferrovia, e a compleição estrutural dos trens; rodas que duram anos e dobram anos, não há pedágios, nem asfalto feito por empreiteiras, aonde se vai após custosa terraplanagem - se não houver pontes ou viadutos - ao piso rodoviário que leva composição de petróleo e britas, etc. 




Você sai dirigindo da agência após pagar tudo de tudo, até a gasolina que puseram para você chegar ao primeiro posto e abastecer o tanque. Ali pagará um imposto alto sobre o mais caro combustível do mundo. Mas, antes de chegar ao posto de combustíveis, você passou a 50 km/ hora, em um local que antes tinha sido fixado a 60 km/hora - agora é 40.  A prefeitura precisa de dinheiro, com a antiga e desgastada cantilena que põe a culpa no anterior. E o trânsito é um verdadeiro “caça-níquel” e uma indústria de multas. A eterna velhacaria dos poderes públicos. Observe-se a marginal. Eu de meu alojamento no quartel da Escola de Aperfeiçoamento da Polícia Militar Rodoviária, sem sono, ouvia o monótono rodar e frenagem a ar dos caminhões de porte, semelhante a um rio que corre há anos e anos sem cessar nenhum segundo de fluir. Dá para se imaginar o montante de multas aplicadas e coletadas pela prefeitura. Para onde vai todo esse dinheiro? Não nos importa mais a resposta dos políticos e apaniguados, caíram no descrédito da vala comum da corrupção e propinas.


Você já está multado por excesso de velocidade. Abastece seu veículo. A empresa em que trabalha fica no Distrito Industrial à margem da rodovia. Pagará o pedágio - um dos quatro instalados na mesma Rodovia-SP num trajeto de 76 km. Muito usada por turistas e viajantes em fins de semana, feriadões prolongados, em demanda a localidades de Minas Gerais.

As cidades multam e arrecadam de você até mais que as estradas, pelo fato de que nas rodovias a viajem de lazer é em finais de semana e feriados. Na cidade é diariamente. Há cidades inclusas em rotas de turismo que chegam ao cúmulo de fixar a 20 km/hora em suas ruas. E as cidades que nada oferecem aos seus munícipes vêm procurando imitar. Cresce geometricamente o número de veículos nas ruas (alegria dos prefeitos e governadores) e aritmeticamente melhorias das vias, construção de avenidas e escoamento do trânsito. 

A sinalização dessa forma vem contra os motoristas e a favor das secretarias de obras e viação que atuam nas vias urbanas, e de resto as estaduais - nas cidades do interior os responsáveis pelo trânsito não têm experiência nenhuma de trânsito, são às vezes um comerciante, um ex-vereador, alguém que se alvora conhecer trânsito. No máximo, dentre todos aparece um engenheiro civil desde que seja ele e os antes citados - "amigos do rei". Engenheiro de Tráfego Viário jamais. 

Por isso há tantos insones, muitos depressivos, outro tanto de agressivos, e até engrossando a estatística os que desenvolvem manias. O trânsito vem enlouquecendo as pessoas. Xingamentos, provocações a outro acompanhado de sua mulher, não leva o desaforo para casa, descem ambos e se atracam, até que surge um revólver na mão de um deles e... fim do outro. e o desespero da mulher e crianças. Tragédia. O estres que gera a depressão, resulta na ação. Famílias destruídas. Às vezes se inicia por um gesto de incontinência [os gestos tomados como obscenos, com a mão para fora da janela do veículo]. O ofendido acelera e sai na cola do ofensor, até gerar vias de fato e... às vezes morte. Outras causas o binômio álcool ou droga (ou juntos) e excesso de velocidade. 

A maioria dos males e impostos tem, sobretudo origem no trânsito que regula os bens e serviços. De propósito os alcaides instalam tantos radares com o escopo de tomar de modo fácil o dinheiro de seus munícipes, mas com a desculpa de coibir excessos de velocidade. Claro que quem paga o pato são os cidadãos corretos e responsáveis, os inconsequentes, com radar ou sem radar vão continuar a praticar excessos de velocidade, sobretudo quando drogados e embriagados. Para eles não vale sinal e sim lei mais rigorosa a partir do simples inquérito policial. Fortalecer-se o Ministério Público em geral, mas não se esquecendo das Segundas Estâncias, onde nós do interior já estamos vivendo também o “Inferno de Dante.”

Por outro cenário da vida, a insônia e um grande descontentamento toma conta de você, quando pensa em suas contas a pagar e receber seu salário praticamente pela metade, reduzido pelos impostos compulsórios em folha, a carga exagerada de tributos: sejam municipais, estaduais e federais, que cobram e não contrapõem os serviços essenciais e básicos à vida dos cidadãos. 

Aí você ainda tem um sobressalto, se esqueceu de pagar - o plano funerário de cemitério particular - no banco, que cobra uma taxa  alta  em juros de mora.

Sim, até para morrer e ser enterrado de forma indigna no cemitério municipal,  ao pobre e aos que ficaram pobres, o preço é fica sendo caro. Claro, tem muita gente que não tem dinheiro para enterrar seus mortos. Esses vão para a cova comum para pagar menos. Aquelas covas que em pouco tempo retiram a ossada, e deixam em sacos de lixo preto, até a família decidir se vai pagar o nicho do paredão vertical, ou os ossos vão para o poço do ossuário, jogados na mistura de centenas de outros restos de esqueleto anônimos. 

Triste fim dos que labutam e pagam seus impostos a vida inteira, num país desordenado, sem rumo, sem perspectivas de melhora antes de 2028 para os mais otimistas, cujo estrago foi produzido em 12 anos no Brasil, na maior corrupção de sua História e que não tem notícia de similar instalada em qualquer outra uma nação do mundo - pela complexidade dos delitos e o imenso número de corrompidos e corruptores em um sem fim de instituições públicas e privadas.
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O autor é fundador e coordenador deste Blog e membro da ABETRAN 
[Associação dos Educadores de Trânsito - Brasilia] 
Cap. Vet. PMESP, Bel em Direito, especializado em Direito do Trânsito.
Ex-professor de Legislação de Trânsito e materias correlatas no SENAC e na PMESP.

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