MEUS OLHOS SE TORNARAM MAIS SÁBIOS
Quando iniciamos bem jovens a vida em sociedade somos cheios de
perguntas e dúvidas e muitas que classificamos como urgentes e não obtínhamos
convencimento, porque nos falavam pela metade, como se a outra metade só nos
fosse concedida ao nos tornarmos adultos.
Depois, na idade adulta sabendo muita coisa, não atinávamos porque
perguntávamos tantas bobagens, e a elas dávamos tanta importância.
Hoje o que chamo mesmo de velhice, sem as hipocrisias e mimos
cínicos - e, às vezes até hipócritas - dos apelidos: “maturidade adulta”,
“terceira idade” e a terrível “melhor idade”, dispensamos os preconceitos,
todos os conceitos, e muito mais as “definições”. E quem disse que existem
definições, se até o Universo está em movimento e processo de expansão,
portanto se modificando. Nada é definitivo para se definir. Como o caso de pareceres, como diz o nome, que não são
leis, apesar de muitos assim o acharem. Claro, em seus benefícios. Parecer... Parece mas não é...
O que existe, na realidade, são buscas. Arqueólogos descobriram
crânios de “homo sapiens” que retrocedem em milênios às atuais peças dadas como
as mais antigas já descobertas, derrubando as definições de serem as mais antigas comprovações
de espécimes da vida humana.
A cada novo fato humano, a cada nova descoberta científica e no
campo das invenções mais se confirma que ninguém sabe nada, apenas pensa que
sabe. Como então definir, dar a palavra final a um anterior conceito, a um
anterior parecer. Existe para indicar isto o neologismo já incorporado no
idioma, muito usado na imprensa: o tal"achismo".
Na própria justiça, área humana não exata, mas que deveria tal como a medicina, haver o menor dos menores erros... há divergência de procedimentos e intervenções. Na Justiça brasileira, em seu mais alto tribunal as duas turmas de ministros dão seus vereditos de formas diferentes, divergentes a fatos símiles...Como imaginar então que algo abaixo dos céus possa ser definitivo?
Voltando aos velhos - aqueles que os apelidam, na maioria são
jovens: homens e mulheres “sarados”, malhados, modelados por constantes e
diárias frequências nas academias de ginástica até o ápice da deformação do
visual físico. Não sabem o que penso nem é bom saber; quando me vêm com o
apelido - ”melhor idade”. Quando não, senhorinhas que querem se fazer de
boazinhas vêm com essas tiradas por cima dos velhos, ressalvadas algumas
exceções.
Reparem que os velhos tem: "mãozinhas",
"cabecinhas" "bracinhos" "perninhas" - para as
enfermeiras, cuidadoras, assistentes sociais, etc. "Dá o bracinho vai ser
só uma picadinha." Na verdade se escondem atrás desse "grande e
apaixonado amor" aos velhos. Não se pode generalizá-los a todos como
deficientes, caducos, desmemoriados ou algum idiota. Se a velhice não é a pior idade - eu próprio não acho isso - também
sinceramente, de melhor não tem nada. Mas tais atitudes até
debocham com os pobres idosos. Grande número deles ativos nos sentidos e
intelectualidade.
Porém, as dores que os sarados não maginam, nós sentimos. As dificuldades, que não existiam quando éramos jovens, ou mais jovens, nós hoje temos. São limitações puramente normais à idade.
“Pero no me gusta el término "mejor edad", sin embargo y
punto."
Por essa razão um velho que é Velho, e sabe o que sabe, e conhece
seu lugar no tempo e no espaço, não mais se interessa por perguntas, nem por
centenas de respostas à mesma pergunta. Eis o que relego como presunção de
querer-se definir alguma coisa.
Não que saiba muito, ou pouco de tudo, é uma somatória de
experiências com conhecimentos adquiridos para aperfeiçoar a vida em sociedade
até o extremo final.
Interessa-me - e aos velhos interessa - a contemplação e
observação do todo diante de nós, onde contém silenciosamente todas as
respostas que nos dão prazer. Nada excluo do que meus olhos podem se tornar
mais sábios, eles me conduzem na travessia até o incógnito destino.
Nenhum comentário:
Postar um comentário