terça-feira, 13 de junho de 2017

MEUS OLHOS SE TORNARAM MAIS SÁBIOS




MEUS OLHOS SE TORNARAM MAIS SÁBIOS

Quando iniciamos bem jovens a vida em sociedade somos cheios de perguntas e dúvidas e muitas que classificamos como urgentes e não obtínhamos convencimento, porque nos falavam pela metade, como se a outra metade só nos fosse concedida ao nos tornarmos adultos.

Depois, na idade adulta sabendo muita coisa, não atinávamos porque perguntávamos tantas bobagens, e a elas dávamos tanta importância.

Hoje o que chamo mesmo de velhice, sem as hipocrisias e mimos cínicos - e, às vezes até hipócritas - dos apelidos: “maturidade adulta”, “terceira idade” e a terrível “melhor idade”, dispensamos os preconceitos, todos os conceitos, e muito mais as “definições”. E quem disse que existem definições, se até o Universo está em movimento e processo de expansão, portanto se modificando. Nada é definitivo para se definir. Como o caso de pareceres, como diz o nome, que não são leis, apesar de muitos assim o acharem. Claro, em seus benefícios. Parecer... Parece mas não é...

O que existe, na realidade, são buscas. Arqueólogos descobriram crânios de “homo sapiens” que retrocedem em milênios às atuais peças dadas como as mais antigas já descobertas, derrubando as definições de serem as mais antigas comprovações de espécimes da vida humana.

A cada novo fato humano, a cada nova descoberta científica e no campo das invenções mais se confirma que ninguém sabe nada, apenas pensa que sabe. Como então definir, dar a palavra final a um anterior conceito, a um anterior parecer. Existe para indicar isto o neologismo já incorporado no idioma, muito usado na imprensa: o tal"achismo". 

Na própria justiça, área humana não exata, mas que deveria tal como a medicina, haver o menor dos menores erros... há divergência de procedimentos e intervenções. Na Justiça brasileira, em seu mais alto tribunal as duas turmas de ministros dão seus vereditos de formas diferentes, divergentes a fatos símiles...Como imaginar então que algo abaixo dos céus possa ser definitivo?

Voltando aos velhos - aqueles que os apelidam, na maioria são jovens: homens e mulheres “sarados”, malhados, modelados por constantes e diárias frequências nas academias de ginástica até o ápice da deformação do visual físico. Não sabem o que penso nem é bom saber; quando me vêm com o apelido - ”melhor idade”. Quando não, senhorinhas que querem se fazer de boazinhas vêm com essas tiradas por cima dos velhos, ressalvadas algumas exceções. 

Reparem que os velhos tem: "mãozinhas", "cabecinhas" "bracinhos" "perninhas" - para as enfermeiras, cuidadoras, assistentes sociais, etc. "Dá o bracinho vai ser só uma picadinha."  Na verdade se escondem atrás desse "grande e apaixonado amor" aos velhos. Não se pode generalizá-los a todos como deficientes, caducos, desmemoriados ou algum idiota.  Se a velhice não é a pior idade - eu próprio não acho isso - também sinceramente, de melhor não tem nada. Mas tais atitudes até debocham com os pobres idosos. Grande número deles ativos nos sentidos e intelectualidade.

Porém, as dores que os sarados não maginam, nós sentimos. As dificuldades, que não existiam quando éramos jovens, ou mais jovens, nós hoje temos. São limitações puramente normais à idade.

“Pero no me gusta el término "mejor edad", sin embargo y punto."

Por essa razão um velho que é Velho, e sabe o que sabe, e conhece seu lugar no tempo e no espaço, não mais se interessa por perguntas, nem por centenas de respostas à mesma pergunta. Eis o que relego como presunção de querer-se definir alguma coisa.
Não que saiba muito, ou pouco de tudo, é uma somatória de experiências com conhecimentos adquiridos para aperfeiçoar a vida em sociedade até o extremo final.

Interessa-me - e aos velhos interessa - a contemplação e observação do todo diante de nós, onde contém silenciosamente todas as respostas que nos dão prazer. Nada excluo do que meus olhos podem se tornar mais sábios, eles me conduzem na travessia até o incógnito destino.


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