O PÁSSARO E
A ROSA
Mauro Martins Santos
O Sol começava a emitir seus primeiros clarões no céu, tingindo as nuvens de variadas cores, impossíveis de serem imitadas pela palheta de um artista, dada tanta luminosidade e inimitáveis matizes. Tons rosas-pastel, lilás, amarelos, esverdeados, cinzas claros e mais escuros, até intensificar em dourado, mais e mais, conforme se via no horizonte longínquo. Já fazia algum tempo que os primeiros raios do Sol haviam rasgado a escuridão da madrugada, e então nascendo, o Artista começava a tingir o céu com ele, usando-o como pincel, nas mais intensas cores. O espetáculo era deslumbrante e o Artista - todo dia o renova - para que nossos olhos se maravilhem constantemente com novas paisagens e cores inimagináveis de tanta beleza. Gradativamente o céu foi ficando mais e mais brilhante, passando do ouro à prata reluzente, e aqui e mais distante uma elevação, uma colina, uma montanha, ainda mantinha o claro-escuro não totalmente desfeito pelo pincel solar. Pronta a obra diária, o céu muito azul como águas cristalinas de uma enseada tranquila, deixa-se recortar por formas e silhuetas.
Nisto, um pássaro em voo ágil, desceu das alturas e flanou suas asas em direção a um solitário templo. A velha igreja tinha um jardim interno com uma fonte, alimentada por uma nascente local. O pássaro alçado seu voo em direção às muitas partes avariadas da construção, adentrou o santuário a fim de aplacar a sede. As paredes do templo, mantinham-se cobertas por muitos espelhos.
Sempre uma ou outra mulher piedosa colocava umas flores num jarro com água,
para o deleite dos olhos dos fiéis, quebrando assim o ar de desalinho e
destruição que o tempo e as guerras haviam causado àquela que fora um dia uma
catedral anglicana, com suas capelas interiores. Hoje restava apenas parte de
uma capela.
Pobre pássaro, totalmente confuso, começou a lançar-se contra os espelhos, imaginando em seu pequeno cérebro que fossem janelas, e a cada batida nas paredes foi ferindo-se mais e mais.
Incansavelmente, arfando, até que não resistiu mais às pancadas sofridas e seu corpo frágil deixou de voar, arfar e viver.
Ironicamente, caiu morto dentro da pia batismal onde foi buscar o lenitivo para não morrer de sede. Assim, buscando aplacar a sede, o inocente e pequeno pássaro ficou totalmente confuso com a multiplicidade de imagens que se desdobraram à sua frente. Não conseguiu discernir o real do ilusório, sua sede era real, física, de todos os seres vivos, buscou um lugar onde existisse o essencial à manutenção de sua vida, e assim inadvertidamente a perdeu.
As mulheres pias fizeram seu papel e sentiram a morte do pequeno pássaro. As crianças choraram nos braços das mães e das avós ao verem o pequeno ser inanimado.
O velho sacerdote mediante tal cena, viu descortinar-se em sua mente treinada pelo tempo e pela vida pastoral, uma imagem; uma quase parábola do Mestre, a qual poderia ser transmitida àqueles humildes aldeões, como um sermão.
Passou a dizer: - "Em todos nós filhos de Deus que já temos discernimento,
encontra-se gravado aquilo que é real e aquilo que nós adquirimos pela vida a
fora. Há os adultos que possuem maior conhecimento dos fatos, outros existem
que ainda não se deram conta da vivência, são menos laboriosos no entendimento.
E, há ainda os bem jovens as crianças em formação, daí a responsabilidade dos
pais, que se descuidarem em lhes passar os valores sagrados dos mandamentos
divinos, serão cobrados disso, aqui nesta Terra ainda, pelo desgosto de verem
seus filhos perdidos pelo mundo, como ovelhas desgarradas, já observadas pelo
Santo Mestre na parábola da ovelha perdida.
Bem dizendo: temos em nosso íntimo, no fundo da alma, junto ao real e o adquirido; o essencial e aquilo que é aparente. Parece, mas não é. Brilha, mas não é ouro. É mulher bonita, mas ardilosa, o moço incauto a busca apaixonado pela sedução, passeia na sua calçada - diz a palavra sagrada - mas é mulher casada cujo marido está longe, mas eis que ele volta sem dar conta e o moço é abatido como um cão sem dono. Cuide-se também a jovem de análogos enganos, aonde será presa ainda mais frágil aos seus predadores. Entendam bem o que digo a respeito das aparências...
Eis o que é aparente, mas não é real nem essencial. A busca de viver em paz com seus semelhantes consiste em estar caminhando no bem exterior ao coração, à sua alma, para a satisfação do Santo Espírito do Mestre que deve viver em nós. Disto resulta a paz de cada espírito. Não podemos harmonizar uma vida correta no mundo exterior, sem ter a paz interior. Ambas se complementam.
Se meus amados aqui presentes, puserem toda sua energia, sua força para zelar só das aparências, das vossas imagens, como se isso fosse a parte central formadora de suas personalidades, da razão de suas vidas, consumirão seus dias escravizados, acorrentados como nas masmorras, por causa dos reflexos do falso ouro, da falsa mulher, do falso homem, enfim das enganações do mal e morrerão como o rapaz seduzido pela mulher ardilosa, ou a jovem infelicitada sem mais saber o que fazer?
A mocinha
sem marido, com um bebê mamando, outro chorando e outro pedindo o que comer. O
que é isto? São seus dias consumidos no reflexo ilusório, que o pássaro que ora
vos emociona imaginou. O pássaro imaginava estar saindo para a liberdade,
assustado, quando viu os amados estarem chegando.
Assim não
deveis estar cativos dos reflexos, e de rosto virado para a luz divina e sua
natureza bendita e real, ou da sua verdadeira essência. Chocar-se-ão contra
duros espelhos postados em paredes de pedra.
Meus queridos e amados irmãos, meu caminho foi longo, portanto o final da jornada se faz breve. Atentai para minhas palavras, que na verdade não são minhas, mas do Mestre do qual sou mero instrumento: vós precisais reconhecer - fazer perfeita distinção entre o que é acessório, supérfluo e, o que contém a verdadeira substância vital.
Meus queridos e amados irmãos, meu caminho foi longo, portanto o final da jornada se faz breve. Atentai para minhas palavras, que na verdade não são minhas, mas do Mestre do qual sou mero instrumento: vós precisais reconhecer - fazer perfeita distinção entre o que é acessório, supérfluo e, o que contém a verdadeira substância vital.
Façam meus
amados um exercício mental diário por meio de orações. Falem com o Pai Eterno,
perguntem o que é melhor para suas vidas. Peçam o discernimento entre o que é
certo e o que é errado, o que é do bem e o que é do mal. Busquem se recuperar -
porque todos nós pecamos e precisamos do perdão de Deus - busquemos nosso
"Eu" verdadeiro, não o de fachada, aquele que se mostra em praça
pública.
Retirem as máscaras de bufões. Só assim as verdadeiras flores não os enganarão como miragem ou reflexos de um espelho. A rosa do conhecimento se abrirá gloriosa dentro do coração de cada um de vós meus amados irmãos.
Que Deus em toda sua glória, discernimento, justiça e bondade possa abençoar minha boca, minhas palavras e seus ouvidos e que estas sementes de flores possam germinar como se o Semeador as tivesse lançado em terra fértil.
E como o velho sacerdote e pastor anglicano fosse de descendência grega pronunciou, "que tudo seja em nome de:
Retirem as máscaras de bufões. Só assim as verdadeiras flores não os enganarão como miragem ou reflexos de um espelho. A rosa do conhecimento se abrirá gloriosa dentro do coração de cada um de vós meus amados irmãos.
Que Deus em toda sua glória, discernimento, justiça e bondade possa abençoar minha boca, minhas palavras e seus ouvidos e que estas sementes de flores possam germinar como se o Semeador as tivesse lançado em terra fértil.
E como o velho sacerdote e pastor anglicano fosse de descendência grega pronunciou, "que tudo seja em nome de:
IESOUS CHRISTOS THEOU YÍOS SÔTÉR
Jesus Cristo, Filho de Deus, O Salvador
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