terça-feira, 1 de agosto de 2017

DE SÓLON AOS DIAS DE HOJE


As leis são como teias de aranha (...) - Sólon -



DE SÓLON AOS DIAS DE HOJE 

LEIS E SISTEMAS

Mauro Martins Santos

Os gênios do pensamento universal, não nos vêm ao caso onde tenham nascido ou morrido, pois as emissões de suas mentes privilegiadas atravessam tempos e muralhas, períodos de trevas ou iluminados, e chegam intactos e impressionantemente atuais às conformações dos humanos até milhares de anos após suas passagens por sobre a Terra.

Nem em sonhos tropológicos ou hipotéticos, os emissários desses pensamentos visualizaram o absurdo - que homens de cúpula social dos séculos atuais, detentores de presumíveis deveres e obrigações para com o povo - estariam cometendo os crimes hediondos, verdadeiros genocídios, subtraindo o dinheiro público.

Genocídio sim, porque as quadrilhas no poder, causam por ação ou omissão a morte dos subjugados, desvalidos de assistência outra que não somente as que esses facínoras espalham como farelos e migalhas. Caiam aonde caírem, o povo lhes é anônimo, totalmente sem rosto e em grandioso número ignorantes, na acepção da palavra.

O que os gênios de todos os tempos disseram ou escreveram, muitas vezes soam como verdadeiras profecias. O intelecto efetua análises perfeitas do ser humano a ponto de prever as ações benéficas ou danosas que vão produzir. Partem de pressupostos imediatos e mediatos, sabendo que o homem é sujeito a determinadas situações ocasionais e favoráveis, ora ameaçadores ora ameaçados, e conforme sua índole pratica ações não importando as consequências a seus (des)semelhantes, já que os têm como de inferior categoria, ou de nenhuma importância.

Os grandes tiranos da humanidade agiram a sangue frio dessa forma, e seus asseclas aliciados sob o brilho dos cargos, patentes e ascensão a altos postos se vendiam a qualquer preço. Como exemplo, o nazismo elevava a capitão, a major, um jovem de vinte, vinte e um anos, condecorando-o com a Cruz de Ferro - suprassumo do orgulho nazi - conforme seu “heroísmo” “coragem” e acima de tudo fidelidade ao regime, demostrada pelo seu sangue frio e desmedida crueldade com os “inimigos” da ideologia ou “raças inferiores” aos “arianos alemães”.

Tais postos dados a pós-adolescentes; em regime regulamentar e normal um militar de carreira de outros países, levaria quase a vida toda para atingir. Eis um pouco do impacto sistemático dos desmedidos poderes e regimes autoritários registrados pela história. Um pouco, quase nada, da amostra dos elevados e cada vez mais altos cargos quanto mais sanguinários, esquizofrênicos, e psicopatas sociais fossem.

Ocorre que temos muitas dessas mentes perturbadas hoje no poder pelo mundo, pleiteando o absolutismo e a serem guindados ao mando. No meio político e dos que manipulam doutrinas e podem repassá-las está o maior número de psicopatas sociais - os camuflados de plena normalidade quando em público. Aqueles que não sabemos o perigo contido em suas mentes. Os ególatras pululam no poder de braços com os hipócritas e os arrogantes doentios, juntos às dezenas de centenas, aqui e ali, em todas as sedes de governo.

Isto dito enseja lembrarmos Nicolau Maquiavel e sua obra O Príncipe, cuja flagrante contemporaneidade irá perdurar por insondáveis tempos ainda.
Entre tantos pensamentos interessantes de Maquiavel, ressalto este que faço em forma de comentário, quando ele diz rico em figuras de linguagem - onde muito se assenta a obra - “que um líder precisa combinar qualidades humanas com qualidades animais, citando a raposa e o leão”:

A raposa é astuta e consegue reconhecer armadilhas, ao passo que o leão é extremamente forte e ameaçador, perspicaz, mas não tão astuto quanto a raposa. Daí comum chamar-se os políticos profissionais de “velhas raposas”.

Não é bom ser feito um leão o tempo todo, agindo apenas com a força bruta, pois isso o levará ao risco de cair numa armadilha. Os orientais nas lutas marciais ensinam seus pupilos a usarem, sobretudo a seu favor, a força bruta do inimigo. Com sutileza, esquivam-se e deixam a força bruta agir em seu benefício. Também não se pode agir somente como uma raposa, ainda que esperta será mais frágil - você precisará da "força" do leão para se manter em segurança. Os músculos a serviço da inteligência são mais capacitados à vitória.  Porém, se confiar só na própria bondade e senso de justiça, não obterá muito que comemorar no mundo dos homens, infelizmente.

Para sorte dos donos do poder, sempre as pessoas serão ingênuas: deixam-se levar pelas aparências e nas velhas e poídas promessas. Peixes sempre prontos a engolir a isca - mesmo que não seja modificada, mesmo sendo sempre a mesma.   Portanto, o político se apresenta como um “líder do povo”, e precisa ter êxito na camuflagem, dissuadindo-se de honesto e gentil, enquanto quebra as promessas e age cruelmente contra aqueles que o elegeram. Se for muito bonzinho o povo o abandonará como frouxo, sendo cruel e tirano o povo por temor volta a apoiá-lo. É assim que funciona.


É possível identificar alguma semelhança com os comportamentos de líderes da atualidade? 

Essa metáfora de Maquiavel nos faz pensar  que o melhor, por exemplo, para um líder político, é manter o povo como animal de rebanho, e que agir como leão não é permitido ou conveniente para todos a todo o tempo, mas em compensação qualquer um pode agir como raposa o tempo todo e apostar na sua astúcia.

Não irei falar mais de Maquiavel, guardando esse tema para outra ocasião.

Deixo neste final de prosa, o pensamento que me inspirou a escrever este texto:
As leis são como teias de aranha (*zelosa e trabalhadamente bem feitas);
quando algo leve cai nelas, fica retido, (e seguramente preso), ao passo que, se for algo maior ( digamos, algo milionário, recheado de ouro, uma quadrilha de colarinhos brancos inteira, políticos raposas velhas) , consegue rompê-las e fugir.  (** Sólon)

as palavras em itálico e entre parênteses , são comentários do autor do texto.

_________________________________________________________ 
** Sólon


Sólon foi um estadista, legislador e poeta grego da antiguidade. Foi considerado pelos antigos como um dos sete sábios da Grécia antiga e, como poeta compôs elegias morais-filosóficas. [Wikipédia]

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