quarta-feira, 28 de junho de 2017

O PONTO DE MUTAÇÃO - O FILME [RESENHA]




O PONTO DE MUTAÇÃO - O FILME

Resenha do filme

1990 - drama - 1h 52m1990 
Data de lançamento: 11/out/1991 [Seattle]
Direção: Bernt Amadeus Capra
Produção: A.J. Cohen
Música: Philip Glass
Roteiro Fritjof Capra, Floyd Byars 

Elenco:
Liv Ullmann [Sonia Hoffman]
Sam Waterston - [Jack Edwards]
John Heard [Thomas Harriman]
Ione Skye [Kit Hoffman]

O filme tem como cenário o Monte Saint Michel, onde se localiza a abadia medieval erigida ao Arcanjo Miguel.

Nesse cenário, três pessoas em crises diferentes, mas no fundo existenciais e de descontentamento com a sociedade da forma atual. São pessoas cultas, inteligentes, de conhecimentos acima da média. Dois homens amigos: um deles é político, que acaba de perder uma eleição à presidência dos EUA para uma pessoa muito menos qualificada que ele, com problemas envolvendo corrupção, de conhecida desonestidade, que não irá proporcionar ao povo o que ele, revelando ao amigo poderia fazer.

O amigo que o ouve, está vivendo uma crise da aproximação da meia idade, recém-separado da esposa, poeta e escritor. 

A Terceira pessoa Sonia, protagonizada pela grande atriz norueguesa Liv Ulmann, faz o papel de uma física e filosofa, altamente intelectualizada e com problemas de relacionamento com a filha Kit, que não suporta a reclusão da mãe no Mont Saint Michel, hospedada, com suas inumeráveis leituras, seus inseparáveis livros.

Em certa altura, os dois amigos encontram Sonia, se cumprimentam, fazem amizade e iniciam a partir daí um diálogo de muitas e diversas faces, frente aos problemas em que vive mergulhada a sociedade humana atual, e, de todos os tempos. 

Todos os diálogos dos agora amigos, se iniciam a partir de um velho relógio carrilhão.
O diálogo, apesar do altíssimo teor de perscrutação da vida, sobrevivência e relacionamento com filhos, cônjuges, trabalho, a literatura, a poética e cogitando o inevitável término da vida humana, não é enfadonho nem difícil de entender os objetivos, mesmo por qualquer pessoa.

A grandiosidade deste filme, cuja ação repousa nas incursões intelectuais, dos protagonistas, está no interesse que nos suscita as intrincações de tempos e multiplicações de tensões não fantasiosas, mas reais, possíveis de existir ou vir a existir a qualquer pessoa, bastando ser criatura humana, independente do tempo ou era em que se viva. 





Se guerra - reflexionam, muda-se a modalidade, mas a insanidade do poder geopolítico e econômico leva as vidas jovens à morte aos milhares. E a fatídica realidade, hoje como nos primeiros séculos é a banalidade, futilidade com que se provocam os conflitos e o descaso com a vida de quem vai aos campos de batalhas. Material humano descartável, sujeito a pronta substituição.

Para suprir a insanidade e beligerância das potencias atuais, jovens retirados das escadarias das universidades em pleno vigor dos sonhos e conquistas. As guerras dos últimos três séculos - de convencionais foram substituídas por química e bacteriológica e as armas potencializadas além da imaginação.

Além da política moderna, implicações e rumos da sociedade a partir do medievalismo, ao visitarem o museu dos instrumentos de tortura que foram usados nos suplícios da Santa Inquisição, Santo Ofício ou Santo Inquérito, que extrapolam a normalidade da visão, pondo em xeque a matéria da razão humana.

Os três personagens mergulhados em uma realidade emocionante, debatem a vida em si, a razão do existir, os dilemas intrínsecos de cada ser perante os embates da vida. 

Cada ser único tem a verossimilhança dos dilemas, mas é de intensidade variada. O limite que uma pessoa suporta, não é o mesmo que outra, por esta razão não se pode afirmar que o dilema de um é menor que de outro. Sonia tem o próprio dilema com sua filha única, ela separada a anos do marido, uma, só tem a outra no contexto vivencial. Mas a garota preferiria estar com o pai.  Outra mãe talvez passasse por cima deste problema, com novo casamento por exemplo. A filha deveria caminhar com seus próprios passos. Mas não era seu caso. Como também não era de seus recentes amigos.



Ótimo filme. Feito para meditar-se de forma direta e real. Não recai gratuitamente na filosofia - esta é apenas um meio para o fim - o mesmo com a política, a física, ou os dilemas desastrosos decorrentes de um casamento desfeito com a divisão de afetos dos filhos para a mãe ou o pai. Também discorrem sobre a História como registro baseado em fatos e provas e suas consequências que influenciaram profundas modificações nos pilares da sociedade, cujas ondas como de um epicentro chocam-se contra as nações da Terra.


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